Governo blinda fornecedores da Petrobras na CPI mista
Eduardo Cunha defende pedido de documentos e quebras de sigilo
Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Responsáveis por um
terço das doações privadas a campanhas eleitorais nas duas últimas
eleições, fornecedoras da Petrobras iniciaram uma operação entre os
deputados e senadores que integram a CPI mista instalada na semana
passada no Congresso e já receberam sinais de que a investigação dos
negócios da estatal deve se concentrar em pessoas, e não nas
empresas. Essa espécie de pacto para que não haja avanço sobre os
fornecedores foi costurada em recentes reuniões de senadores do PSDB com
o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos principais
defensores dos interesses do Palácio do Planalto na CPI mista. Nas
conversas, todas com respaldo de lideranças petistas e da articulação
política do Palácio do Planalto, concluiu-se que agora, neste ano
eleitoral, é melhor fazer uma CPI que explore personagens simbólicos,
como o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa,
acusado de intermediar negócios da Petrobras com o doleiro Alberto
Youssef, principal alvo da Operação Lava Jato da Polícia Federal. Assim,
os parlamentares poderão passar ao largo da técnica do follow the money
(siga o dinheiro, em inglês). O propósito é evitar quebras de sigilo
generalizadas que exponham os fornecedores-doadores. Informações do
jornal O Estado de S. Paulo.