banner-bda

Decreto do IOF do presidente Lula derrubado pelo Congresso, entenda o caso

 

     Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

A Revisão do IOF e Seus Reflexos: Entre a Tributação das Bets, Fintechs e a Justiça Fiscal

A recente decisão do Congresso Nacional de revogar o decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) desencadeou uma ampla discussão sobre a justiça tributária, o papel do Estado na arrecadação e os impactos para diferentes segmentos da sociedade — das grandes instituições financeiras aos consumidores comuns.

 Redução do IOF e os Desdobramentos

Inicialmente, o governo havia proposto a elevação do IOF como alternativa para reforçar a arrecadação. Contudo, a medida foi derrubada, o que representou uma perda estimada de R$ 12 bilhões nos cofres públicos em 2025. Para contornar essa redução, novas propostas de compensação surgiram, mirando especialmente setores de alto fluxo financeiro e pouco regulados até então.

 Quem está na mira: bets, fintechs e criptoativos

Na tentativa de equilibrar as contas públicas, o governo voltou sua atenção para áreas com forte crescimento nos últimos anos:

  • Apostas esportivas (bets): Propostas visam aumentar a tributação do setor de 12% para até 18%.

  • Fintechs: Startups financeiras, antes beneficiadas com alíquotas mais baixas, poderão passar a contribuir com até 15%.

  • Criptomoedas e aplicações financeiras: Também entram no radar, tanto para tributação quanto para regulação.

  Impactos para a população

Embora a proposta busque alternativas para manter a arrecadação, há uma preocupação crescente sobre o repasse dos custos ao consumidor final. Caso as empresas desses setores transfiram o aumento tributário para os clientes, podemos ver:

  • Alta nos preços de produtos e serviços financeiros;

  • Desaceleração do consumo, com reflexos diretos na economia real;

  • Aprofundamento das desigualdades, se os grandes conglomerados forem pouco afetados em relação às camadas mais populares.

 A pauta da equidade tributária

A discussão gira em torno de um princípio essencial: quem deve pagar mais impostos? O debate atual propõe uma redistribuição da carga tributária, buscando corrigir distorções que permitem que os mais ricos — inclusive grandes investidores e instituições financeiras — paguem proporcionalmente menos do que a população de baixa renda.

A revisão do IOF foi apenas o gatilho para essa conversa mais profunda sobre o equilíbrio entre arrecadação eficiente e justiça social. Por isso, também se discute:

  • Regulação do mercado de apostas esportivas, garantindo transparência e arrecadação consistente;

  • Combate à elisão fiscal e aos mecanismos de compensação abusivos usados por grandes empresas para reduzir seus tributos;

  • Proteção do consumidor, assegurando que as medidas não penalizem ainda mais quem já paga caro por serviços essenciais.

 Conclusão

O Brasil atravessa um momento delicado, em que o desafio é manter a sustentabilidade fiscal sem prejudicar o poder de compra da população nem travar o crescimento de setores inovadores. A revogação do aumento do IOF abriu espaço para uma reavaliação ampla da política tributária, que precisa ser conduzida com equilíbrio, transparência e foco na equidade.

Se a saída para recompor a arrecadação recair sobre os mesmos setores sempre sacrificados — como consumidores e pequenos empreendedores —, o país continuará girando em torno de uma estrutura regressiva de impostos. O momento exige criatividade fiscal, responsabilidade política e, sobretudo, diálogo com a sociedade.

Dárcio Nunes Alves

Dárcio Nunes Alves é radialista desde 1985 DRT 2444008678/86 SSP/SP,meu email:darcionunesalves@gmail.com

Postar um comentário

Os comentários aqui postados são de inteira responsabilidade do internauta.

Postagem Anterior Próxima Postagem