Proposta da prefeita Sheila Lemos divide opiniões entre vereadores e especialistas sobre riscos e prioridades
Na sessão ordinária desta quarta-feira (12), a Câmara Municipal de Vitória da Conquista voltou a discutir o projeto enviado pela prefeita Sheila Lemos (União Brasil) que autoriza o município a contrair um empréstimo de R$ 400 milhões. O tema tem mobilizado parlamentares, especialistas e a população, especialmente após os recentes episódios de alagamentos que expuseram a fragilidade da infraestrutura urbana.
Proposta de destinação para macrodrenagem
- O presidente da Câmara, Ivan Cordeiro (PL), defendeu que 50% do valor do empréstimo seja destinado às obras de macrodrenagem, ou seja, cerca de R$ 200 milhões.
- A sugestão ganhou força após a tempestade do último domingo (9), que provocou alagamentos na Baixada do Jurema e arrastou um veículo com o morador Gerald Saraiva, que sobreviveu ao acidente.
- Segundo Ivan, estudos apontam que seriam necessários R$ 400 a R$ 500 milhões para resolver definitivamente os problemas de drenagem da cidade pelos próximos 30 anos.
Posições dos vereadores
- Luís Carlos Dudé (UB) reforçou a proposta de destinar metade do empréstimo para macrodrenagem.
- Fernando Jacaré (PT) e Nelson de Vivi (PSDB) destacaram a importância de obras estruturantes para enfrentar os impactos das chuvas.
- Leia Meira (PSD) e Gabriela Garrido (PV) alertaram para a necessidade de ações conjuntas entre os governos municipal, estadual e federal.
- Ricardo Gordo (PSB) relatou os dramas vividos por famílias atingidas por alagamentos no bairro Jurema.
- Cris Rocha (PSD) e outros parlamentares defenderam que o projeto Finisa IV inclua ações de macrodrenagem.
- Márcia Viviane (PSD) chamou atenção para a necessidade de transparência e fiscalização, lembrando que empréstimos anteriores ainda não tiveram prestação de contas clara.
Riscos de endividamento
Apesar do consenso sobre a urgência das obras, alguns vereadores e especialistas alertam para os riscos financeiros:
- A vereadora Márcia Viviane destacou que o município pode acabar sobrecarregando os cidadãos com aumento de tributos como IPTU, ITR, Cosip e taxa do lixo.
- O advogado e ex-candidato a prefeito Marcos Adriano afirmou em entrevista à Rádio UP que a dívida da cidade pode chegar a R$ 333 milhões em dez anos, considerando os juros.
- Ele lembrou que a prefeitura já paga atualmente parcelas entre R$ 700 mil e R$ 900 mil por mês referentes a empréstimos anteriores, e que esse valor pode saltar para R$ 2,7 milhões mensais a partir do próximo ano.
Gastos da prefeitura em debate
Outro ponto levantado por Marcos Adriano foi o aumento expressivo nos gastos com locação de veículos e máquinas:
- Em 2021: R$ 3,3 milhões
- Em 2023: R$ 26 milhões
- Previsão para 2025: R$ 90 milhões
Segundo ele, a falta de planejamento e a concentração de investimentos apenas nos últimos anos da gestão agravam o risco de endividamento.
A Câmara Municipal realizará uma audiência pública na segunda-feira (17), no Plenário Vereadora Carmen Lúcia, para discutir o Sistema de Macrodrenagem e ouvir a população.
O debate promete ser decisivo para definir se o empréstimo será aprovado e como os recursos serão aplicados, equilibrando a necessidade urgente de obras com a responsabilidade fiscal do município.



