Na sessão desta quarta-feira (26), a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista voltou a ser palco de intensos debates. O motivo: o projeto de lei que pretende autorizar a Prefeitura a contrair mais um empréstimo, desta vez no valor de R$ 400 milhões.
O advogado Marcos Adriano, ex-candidato a prefeito, utilizou a Tribuna Livre para expor sua preocupação. Em tom crítico, classificou a proposta como um verdadeiro “suicídio econômico” e advertiu que o endividamento pode comprometer seriamente o futuro financeiro do município.
Dívidas acumuladas
Adriano lembrou que a cidade ainda arca com empréstimos feitos em gestões anteriores, incluindo os contraídos pelo ex-prefeito Herzem Gusmão e pela atual prefeita Sheila Lemos (UB). Segundo ele, o empréstimo de R$ 160 milhões já aprovado pela Casa será pago com mais de R$ 330 milhões, devido aos juros cobrados.
“O benefício imediato não compensa o peso da dívida que se arrasta por anos”, afirmou.
Impacto bilionário
De acordo com os cálculos apresentados, o novo financiamento pode custar entre R$ 800 milhões e R$ 900 milhões ao longo do tempo, pressionando ainda mais a receita corrente líquida da cidade.
Adriano também alertou para um cenário nacional preocupante: a possibilidade de redução nos repasses da União a partir de 2027. “Se houver cortes, os municípios sentirão diretamente. É preciso prudência. Vitória da Conquista não precisa de novos empréstimos”, destacou.
Alternativas propostas
Para o advogado, obras de infraestrutura poderiam ser realizadas com recursos próprios, desde que houvesse melhor planejamento. Entre as alternativas sugeridas estão:
aquisição de máquinas para reduzir gastos com locações;
incentivo ao setor rural para elevar o índice de ICMS;
ampliação do perímetro urbano, aumentando a arrecadação de IPTU.
Falta de clareza no projeto
Outro ponto criticado é a ausência de detalhes no projeto enviado à Câmara. As obras são descritas de forma genérica, sem especificar bairros, ruas ou valores exatos.
Além disso, há divergências entre a prefeita e sua base aliada: Sheila Lemos defende que obras de drenagem não são responsabilidade do município, mas do Estado e da União. Já vereadores acreditam que parte do empréstimo deveria ser destinada a essa área.
O futuro em jogo
Enquanto a população enfrenta aumento de impostos e taxas, cresce a desconfiança sobre a real necessidade de mais endividamento. A decisão agora está nas mãos dos vereadores, que precisarão avaliar se o novo empréstimo representa avanço ou risco para o futuro de Vitória da Conquista.


