Senadores decidem voltar ao Brasil após serem hostilizados na Venezuela
Segundo relatos dos parlamentares brasileiros divulgados em suas contas no Twitter, as vias de acesso entre o aeroporto de Caracas e o presídio onde López está detido estavam interditadas e o ônibus que levava a comitiva chegou a ser atacado por manifestantes pró-Maduro.
López, de 44 anos, que esteve em greve de fome por 25 dias, é acusado de incitar a violência durante as manifestações de 2014 contra o governo que deixaram 43 mortos no país.
"Nós viemos em missão de paz, não viemos destituir governos. Nós viemos exigir democracia. E quando se fala em democracia, e quando se fala em liberdade, em direitos humanos, não há que se respeitar fronteiras", disse Aécio a jornalistas ao comentar o ocorrido.
"E o que é mais alarmante é que o Brasil é hoje governado por uma ex-presa política, que não demonstra a menor solidariedade e a menor sensibilidade com o que vem acontecendo hoje com irmãos seus de luta no passado", criticou.
A Reuters não pôde obter, de imediato, comentários de autoridades venezuelanas sobre o assunto.
O episódio também teve reflexo nos trabalhos na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira.
A sessão em que os parlamentares poderiam votar o projeto de lei que reduz a política de desoneração da folha de pagamento foi encerrada e, em vez de votar a medida, que é parte do ajuste fiscal do governo, os deputados aprovaram uma moção de repúdio aos episódios ocorridos na capital venezuelana.
A votação do projeto de lei das desonerações ficou para a próxima semana.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), anunciou em plenário que Dilma havia acionado o governo da Venezuela. Depois, questionado pela Reuters, detalhou, dizendo que esse contato seria feito via Itamaraty, mas em nome da presidente.
Agência Reuters
Itamaraty: atos contra comitiva brasileira na Venezuela são "inaceitáveis"
Em nota, o governo brasileiro lamentou o incidente ocorrido nesta quinta-feira (18/6) contra a comitiva que levava senadores
Em nota na noite desta quinta-feira (18/6), o Itamaraty lamentou o episódio ocorrido contra a comitiva brasileira na Venezuela. "São inaceitáveis os atos hostis de manifestantes contra parlamentares brasileiros", disse o documento. No trajeto entre o terminal do aeroporto e a rodovia que levaria senadores ao presídio Ramo Verde, em Caracas, a comitiva foi atacada por um grupo de manifestantes contrários à presença dos parlamentares.
Por telefone, o senador Ronaldo Caiado (DEM) contou que a comitiva de senadores que viajou à Venezuela ficou sitiada. “Manifestantes pró-governo venezuelano estão obstruindo toda a pista. É realmente de uma petulância e prepotência. Pior que qualquer ditadura da África”, contou. Segundo ele, foram arremessadas pedras no ônibus dos políticos.
Ainda em nota, o governo brasileiro disse que que cedeu a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para o transporte dos senadores e prestou apoio à missão, e garantiu que recebeu do governo venezuelano "garantia de custódia policial para a delegação durante sua estada no país, o que foi feito." O Itamaraty acrescentou que "à luz das tradicionais relações de amizade entre os dois países, solicitará ao Governo venezuelano, pelos canais diplomáticos, os devidos esclarecimentos sobre o ocorrido.".
Após enfrentar bloqueios e protestos, a comitiva decidiu voltar para o Brasil na noite de hoje. A informação foi confirmada pela assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Voltamos para o aeroporto", mostrou a mensagem postada no perfil do tucano pouco antes de embarcarem. Os parlamentares brasileiros foram ao país vizinho para fazer um gesto de solidariedade aos oposicionistas do governo de Nicolás Maduro que estão presos.
Aécio e o colega senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) usaram as redes sociais para relatar as dificuldades de cumprir a agenda no país vizinho. “Tentamos ir para a penitenciária novamente. Mas o trânsito, ainda sob influência dos bloqueios, tornou impossível”, disse o tucano de Minas. Pouco antes, Nunes afirmou que os parlamentares foram obrigados a voltar para o aeroporto. “O túnel que dá acesso ao presídio está fechado. Motivo? Está sendo lavado. Isso impediu, de novo, nossa viagem. Voltamos ao aeroporto”, publicou em seu perfil no Twitter.