Governo discute medidas para reanimar a economia; manutenção do IPI está em pauta
Foto: Beto Barata/Estadão Conteúdo
A
seis meses do fim do governo, a presidente Dilma Rousseff traçou uma
estratégia para reverter o baixo crescimento da economia e lançou o
esboço de uma nova política para a indústria. Dilma anunciou, nos
últimos dias, vários pacotes de "bondades" para empresas, todos
destinados a estimular a produção neste ano eleitoral. Apesar do
diagnóstico sombrio do Banco Central - que reduziu a estimativa de
crescimento e elevou a previsão de inflação deste ano -, o governo
aposta na deflação dos preços de alimentos para impedir nova alta do
custo de vida. Dilma sabe que a economia, mais do que nunca, virou fator
decisivo na disputa eleitoral e, diante de previsões negativas, tenta
dar aos empresários um horizonte de mais longo prazo. Para estimular a
indústria e agradar a consumidores, o governo decidiu prorrogar o
desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
automóveis. Antes, a equipe econômica planejava elevar o IPI em 1.º de
julho, de 3% para 7%. Agora, o governo não sinaliza com nova alta este
ano. Dilma também vai anunciar, nos próximos dias, a entrega de novas
moradias do programa "Minha Casa, Minha Vida" em várias capitais. Na
última semana em que pode inaugurar obras, por causa da Lei Eleitoral, a
presidente quer mostrar que mantém o estímulo à construção civil, outra
área importante para alavancar o crescimento e a geração de empregos. A
avaliação do governo é que, ao lançar as bases de uma nova política
industrial, Dilma aponta para a recuperação da economia no primeiro
trimestre de 2015, indicando o fim da era do "pibinho". Há negociações
com os Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento. O setor têxtil, por
exemplo, discute um regime tributário específico. Se prosperar, as
empresas terão queda de 18% para 3% em sua carga tributária. Também está
no forno um programa de renovação das máquinas industriais. As causas
estruturais da perda de confiança do empresariado, porém, continuam
longe da agenda do Planalto. "O buraco é mais fundo e, para fazer o
Brasil sistemicamente mais competitivo, o caminho é árduo", afirmou o
presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e
Equipamentos (Abimaq), Carlos Buch Pastoriza. Para ele, as reformas
política, trabalhista, previdenciária e tributária têm de ser feitas no
primeiro semestre de 2015. "Se não fizer, daqui a quatro anos a situação
estará irreversível e deixaremos de ser uma potência industrial", disse
Pastoriza.