banner-bda b-mdoutor BRMotos2

Sem título

Mercado fica tenso à espera da lista de políticos na Lava Jato


Lista dos envolvidos a ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode afetar agenda de tramitação

Atenções do mercado se voltam para o Congresso 
Atenções do mercado se voltam para o Congresso (Foto:Dida Sampaio/Estadão)
(Foto:Dida Sampaio/Estadão)

A atenção dos investidores deverá deixar de lado a agenda de indicadores econômicos nesta semana para dois eventos políticos com grande potencial para causar ruídos.

Um deles é a instalação da CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira. O outro, aguardado ansiosamente há meses, é a provável divulgação dos nomes de políticos envolvidos no esquema de corrupção da estatal no âmbito da Operação Lava Jato. Isso porque o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar a participação de políticos nesse esquema.
Refletindo o temor de piora no cenário político e econômico, incluindo a revisão nas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de 2015, com a pesquisa Focus, do Banco Central, apontando agora contração de 0,50%, o dólar abriu em forte alta a sessão de negócios nesta segunda-feira. A moeda americana chegou a bater R$ 2,90, ou ganho de quase 1% frente ao real, no início do dia.

“O inquérito desestabilizará lideranças e partidos com a revelação formal dos nomes dos implicados, causando incômodo e reclamações”, afirmaram os analistas da consultoria política Arko Advice em relatório enviado a clientes hoje. “Duas consequências imediatas: o aquecimento do noticiário, que não poupará espaço para esclarecer e divulgar a relação dos políticos com o escândalo; e o agravamento da desestabilização da base política do governo, tornando a oposição ainda mais aguerrida. Tudo isso no momento em que se instala uma nova CPI da Petrobras.”
No pior cenário para esses dois eventos – a abertura de inquérito contra políticos em razão das investigações da Lava Jato e a instalação da CPI da Petrobras -, a capacidade do governo de influenciar o ritmo e o desfecho da agenda de medidas em torno do ajuste fiscal poderá ser seriamente prejudicada.

“O risco mais negativo que a CPI da Petrobras pode trazer é aproximar todas as investigações da presidente Dilma”, diz o cientista político da consultoria Tendências, Rafael Cortez, em conversa com esta coluna. “Já a divulgação dos nomes de políticos envolvidos na Lava Jato terá um impacto maior ou menor dependendo da composição partidária dessa lista.”
Se a lista de políticos a ser divulgada por Janot concentrar-se em poucos partidos, em particular o PT, cresce o risco de haver uma corrida de pedidos de cassação do mandato desses políticos no Congresso. Já uma lista mais pulverizada entre vários partidos, incluindo os da oposição, reduz esse risco de processos de cassação.

Já a instalação da CPI da Petrobras, na opinião de Cortez, tem o potencial de aumentar a repercussão política das investigações da Lava Jato. “A CPI vai ser um espaço onde o governo e a oposição tentarão construir seus argumentos e suas defesas junto à opinião pública”, pondera Cortez.
Diante disso, a Relatoria da CPI ganha um peso importante no cenário atual, pois a CPI pode causar muito barulho político, mas o relatório pode não ter força suficiente para gerar um fato jurídico.
Segundo os analistas da Arko Advice, em nota a clientes, o deputado Vicente Candido (PT-SP) deve ser escolhido como relator da CPI da Petrobras, “num aceno de trégua à presidente Dilma Rousseff” por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).

Se a lista dos políticos envolvidos na Lava Jato a ser apresentada por Rodrigo Janot, de fato, materializar o cenário mais negativo – concentrar-se em pouquíssimos partidos, em particular o PT -, a agenda de tramitação das Medidas Provisórias que restringem benefícios trabalhistas e previdenciários será afetada.

Nesse caso, a oposição poderá ganhar fôlego e partir para um ataque mais agressivo quando a CPI da Petrobras for instalada.
Tudo isso é combustível para afetar os preços dos ativos brasileiros no curto prazo.

Estadão/Fábio Alves é jornalista do Broadcast
Postagem Anterior Próxima Postagem