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Católicos e evangélicos divergem na Câmara sobre Estatuto da Família

Fonte:Agência Brasil


Com a participação maciça de integrantes das bancadas evangélica e católica, a comissão especial que trata do projeto de lei (PL 6.583/13), que institui o Estatuto da Família, a audiência pública na Câmara dos Deputados para debater o projeto foi marcada por divergências entre os debatedores.

O projeto define o conceito de família, como a união entre homem e mulher e seus descendentes, e também proíbe a adoção de crianças por casais homoafetivos. A iniciativa foi criticada pelo ativista e doutor em educação Toni Reis, que a considera discriminatória em relação a outras formas de arranjo familiar. Segundo ele, caso a iniciativa seja aprovada, 25% da população brasileira estará fora do conceito de família.

“Não queremos um estatuto monolítico, temos vários tipos de família e seria muito importante que o estatuto contemplasse os vários tipos. Não queremos ser discriminados”, ponderou Reis, que há 25 anos é casado com David Harrad. Em 2011, Reis ficou conhecido após uma decisão da da ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), reconhecendo o direito à adoção por ele e seu companheiro.
Atualmente, o casal tem três filhos. O mais velho, com 14 anos, chegou a passar por sete abrigos.

“Temos a família tradicional, a família ampliada, as famílias recompostas [frutos de vários casamentos], famílias monoparentais, adotivas, homoparentais, etc. Nós defendemos as famílias, o que nos separa é um S. Colocar a família como uma única constante no tempo pode ser mais um prejulgamento que a realidade”, disse Reis, que defendeu ainda o estado laico. “No estado laico as religiões não dizem o que é lei, e o Estado não diz o que é pecado”, segundo ele.

Escalado para defender a proposta, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, criticou o que chamou de "ativismo gay" e criticou o protesto ocorrido durante a mais recente parada LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) em São Paulo, na qual a modelo transexual Viviany Beleboni se vestiu como Jesus Cristo e encenou a própria crucificação, com uma placa no alto da cruz. com a mensagem: "Basta de homofobia com LGBT".

Malafaia, ao abordar a decisão concedida a Reis e seu companheiro, criticou o STF, que no seu entendimento legislou indevidamente. “Não vem aqui com citações de STF, que me parece que STF não legisla coisa nenhuma. Isso é uma afronta ao Parlamento”, disse.

Os deputados – em uma audiência marcada pela presença forte de evangélicos e católicos, que se revezavam para debater na audiência – também apoiavam o projeto. Para o deputado Marcelo Aguiar (DEM-SP), a adoção por casais do mesmo sexo não seria boa para a criança, por ela não “estar preparada”. Se a família tem dificuldade de criar uma criança no formato natural, que já é difícil, imagina as condições para criar crianças nesse formato [homoafetivo]”, duvidou.

Única a se posicionar contra a iniciativa, a deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que ao não considerar restringir o conceito de família, o projeto “joga outros arranjos afetivos num processo de discriminação que é extremamente doído. Existem vários tipos de família, e todas as famílias precisam ser protegidas”, resumiu.


Na Câmara, Malafaia ataca decisões do STF sobre direitos de gays


O pastor evangélico Silas Malafaia voltou a criticar nesta quinta-feira (25) ações do STF (Supremo Tribunal Federal) em relação à concessão de direitos à comunidade LGBT. "O STF não é maior que a Constituição", disse o pastor durante audiência pública realizada na Câmara dos Deputados para discutir o Estatuto da Família. Em maio de 2011, o STF reconheceu, por unanimidade, a equiparação dos direitos entre as uniões homossexual e heterossexual. A audiência contou com a presença do ativista gay Toni Reis. 

O projeto de lei 6.583/2013, que cria o Estatuto da Família, é alvo críticas por movimentos ligados à defesa dos direitos da comunidade LGBT. Entre os pontos mais polêmicos do projeto estão os que determinam que família é um núcleo social formado por um homem e uma mulher, o que exclui o conceito de família formada entre parceiros de mesmo sexo.

A audiência pública que reuniu Malafaia e Toni Reis foi marcada por aplausos e vaias. A maioria dos parlamentares que compareceram à reunião pertence à chamada bancada evangélica, que apoia a aprovação do estatuto. Malafaia chegou ao plenário onde a sessão foi realizada sob uma salva de palmas.

Parlamentares ligados ao movimento LGBT, como Jean Wyllys (PSOL-RJ), não compareceram à audiência. Dezenas de militantes do movimento evangélico ocuparam o plenário onde a reunião foi realizada e empunharam cartazes com dizeres como "Família=Projeto de Deus".

Durante sua apresentação, Malafaia criticou as decisões dadas pelo Supremo em favor da comunidade LGBT. Ele disse que a decisão de maio de 2011, que dá equipara os direitos das uniões estáveis de casais heterossexuais e homossexuais, não estaria de acordo com a Constituição Federal.

"Enquanto o artigo 226, parágrafo 3º, estiver em voga, podem discutir aqui o que quiserem. E não venham aqui com citações do STF. Me parece que o STF não legisla coisa nenhuma. Isso é uma afronta ao Parlamento", afirmou Malafaia.

O artigo da Constituição citado por Malafaia determina que a entidade familiar é constituída pela união entre um homem e uma mulher. "Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar", diz o trecho.

Toni Reis, por sua vez, criticou a lentidão do Parlamento em legislar sobre o tema, mas alertou que enquanto o Congresso não se manifestar sobre o assunto, o STF decidirá. "Se o Congresso não tomar uma decisão, o STF vai tomar", disse Toni Reis. O ativista negou, no entanto, que o STF tenha "legislado". "O STF, que eu respeito muito, não legislou. Ele atuou por omissão", afirmou.

A definição sobre o conceito de família, um dos principais pontos do Estatuto, é alvo de uma enquete no site da Câmara dos Deputados. Mais de 8,2 milhões votos já foram computados. Até esta quinta-feira (25), 52,7% dos votos eram favoráveis ao conceito de família formado exclusivamente por casais heterossexuais, enquanto 46,9% dos votos eram contrários.
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