Dilma demite chefe de gabinete da Presidência em SP
Presidente também exonerou o número dois da Advocacia-Geral da União. Os irmãos Rubens e Paulo Vieira, diretores da Anac e da ANA, serão afastados
Por Dárcio Alves Foto: Google

A presidente Dilma Rousseff
(Pedro Ladeira/AFP)
A presidente Dilma Rousseff determinou, neste sábado, a demissão da
chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, indiciada na sexta-feira. Escutas
telefônicas realizadas durante a investigação indicam que a servidora
usava o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer
tráfico de influência. Dilma ainda determinou a exoneração ou
afastamento de todos os indiciados pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro. Dessa
forma, o número dois da Advocacia-Geral da União (AGU), José Weber
Holanda Alves, também deixará o cargo. Na manhã deste sábado, a
presidente se reuniu no Palácio da Alvorada, em Brasília, com o
advogado-geral Luís Inácio Adams para avaliar os desdobramentos das
investigações da PF. Como os diretores das agências reguladoras tiveram
seus nomes aprovados em sabatinas no Senado, eles precisam responder aos
processos antes de serem formalmente exonerados.
As apurações policiais levaram à desarticulação de uma quadrilha que,
infiltrada em órgãos da administração pública federal, negociava a
redação de pareceres técnicos fraudulentos para beneficiar interesses
privados e praticava tráfico de influência. Os investigados na operação
responderão pelos crimes de formação de quadrilha, tráfico de
influência, violação de sigilo funcional, falsidade ideológica,
falsificação de documento particular, corrupção ativa e passiva. Desde o
estouro da operação, a AGU montou uma espécie de força tarefa para
analisar os documentos das investigações policiais e verificar a
abrangência dos danos causados à autarquia pela atuação de José Weber de
Holanda Alves.
Rosemary Nóvoa
Reservadamente, informaram fontes do Planalto, a saída de Rosemary será
oficializada como “a pedido”, uma forma de preservar a relação próxima
da chefe de gabinete com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por
determinação da Presidência, a Agência Nacional de Águas (ANA), Agência
de Transportes Aquaviários (Antaq) e a Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) vão investigar em detalhes, por meio de sindicância, a
participação de servidores das autarquias no esquema criminoso. Todos os
suspeitos investigados pela Polícia Federal também vão responder a
processos disciplinares.Mais cedo neste sábado, o ministro da Secretaria de Aviação Civil,
Wagner Bittencourt, já havia anunciado o afastamento de Rubens Carlos
Vieira do cargo de Diretor de Infraestrutura Aeroportuária da ANAC.
Vieira foi um dos investigados na operação Porto Seguro.
As traficâncias de Rose - Segundo a investigação, o
papel de Rosemary era fazer a ponte entre empresas que queriam comprar
pareceres fraudulentos de órgãos do governo e as pessoas do governo que
poderiam viabilizar a emissão dos documentos. Rosemary foi nomeada por
Lula para esse cargo em 2005 e, desde então, esteve muito próxima ao
petista. O fato de assessorar o ex-presidente fez com que ela própria se
tornasse uma pessoa politicamente articulada. Assim, foi capaz de
influir na nomeação de homens do alto escalão de agências do governo,
como os irmãos Paulo Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de
Águas (ANA), e Rubens Carlos Vieira, diretor de Infraestrutura
Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ambos presos
hoje pela PF. Rose, como é conhecida, era presença constante nas comitivas
presidenciais ao lado de Lula. Também foi assessora do ex-ministro José
Dirceu por 12 anos antes de trabalhar diretamente com Lula. Em 2006, o
nome de Rosemary constava de uma lista de 65 servidores que efetuaram
saques a título de pagamento de despesas da Presidência da República por
meio de cartões corporativos. Na época, havia registros de saques no
valor de 2 100 reais no cartão dela. Deputados de oposição tentaram
aprovar sua convocação para prestar esclarecimentos à CPI que investigou
a farra dos cartões corporativos, mas aliados do Planalto conseguiram
barrar o pedido.