
Pesquisa Quaest mostra que 53% apoiam reciprocidade às tarifas dos EUA; rejeição ao governo cai pela primeira vez em um ano e maioria quer união entre governo e oposição
A maioria dos brasileiros considera correta a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de reagir com reciprocidade ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. Segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16), 53% dos entrevistados apoiam a postura do governo brasileiro, enquanto 39% discordam.
O levantamento revela ainda que, mesmo entre os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), há divisão: 30% acham que Lula está certo em retaliar, contra 64% que o reprovam. O apoio à reação cresce em meio a uma percepção majoritária de que a taxação americana é injusta: 72% consideram que Donald Trump está errado em impor as tarifas, e 79% acreditam que as medidas também afetarão diretamente a própria vida.
A pesquisa aponta que Lula ganhou fôlego na popularidade após o anúncio do tarifaço. A desaprovação ao seu governo, que vinha crescendo desde julho de 2024, caiu de 57% em maio para 53%, enquanto a aprovação subiu de 40% para 43%. A avaliação negativa também recuou, de 43% para 40%.
Apesar disso, 55% dos entrevistados avaliam que o presidente brasileiro errou ao provocar Trump durante a Cúpula dos Brics, no início de julho, quando criticou o uso de redes sociais pelo americano para ameaçar países que buscam alternativas ao dólar. Outros 31% discordam dessa avaliação.
Sobre as motivações para o tarifaço, os brasileiros se dividem: 26% apontam falas de Lula na Cúpula dos Brics, 22% citam ações do STF contra Bolsonaro, 17% mencionam a influência de Eduardo Bolsonaro nos EUA e 10% culpam a tensão entre o Supremo e as big techs americanas. Para 57%, Trump não tem o direito de opinar sobre processos judiciais no Brasil.
Mesmo com visões diferentes sobre as causas da crise, a pesquisa mostra um desejo claro de unidade nacional: 84% defendem que governo e oposição devem se unir para defender o Brasil no cenário internacional. Essa opinião é majoritária em todos os espectros políticos.
Apesar do avanço, o governo enfrenta desafios na comunicação. A agenda de “justiça tributária”, que inclui isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e taxação de bancos, bets e bilionários, ainda é desconhecida por 56% da população. Vídeos com críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta, também não repercutiram: 72% dizem não ter visto o material.
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
Fonte: Money Report