Marcelo Nilo diz que relação dele com o governador nunca mais será a mesma
O café da manhã no Palácio de Ondina teria sido uma forma do
governador Jaques Wagner (PT) acalmar os ânimos do presidente da
Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo (PDT), que teve seu pleito de vice
de Rui Costa (PT) rejeitado, após disputa com o PP, mas, declarações do
pedetista sinalizam ranhuras na aliança, iniciada no primeiro mandato do
chefe do Poder Executivo. Nilo demonstrou ontem para a reportagem da Tribuna,
após encontro com o gestor, que poderá não manter mais o posicionamento
fiel, por muitas vezes até criticado por oposicionistas na Casa
Legislativa.
“Politicamente, as relações nunca mais serão as mesmas”, disse o
presidente da Assembleia ao se referir a Wagner, a quem considera um
amigo. Segundo ele, o posicionamento a ser tomado daqui pra frente não
influenciará na amizade. “Eu me separei de Jutahy (Magalhães)
politicamente, mas continuamos amigos até hoje”. Ele integrou as bases
do PSDB, partido do deputado federal por quase 20 anos, e saiu em 2009
por não concordar com o apoio à candidatura do ex-governador Paulo Souto
(DEM).
Nilo mandou recados ao dizer que o governador “não saberá
pelos jornais” o que ele irá fazer. “O que eu vou fazer depois do
anúncio do vice eu já disse a ele”, afirmou ao relatar que foi uma
conversa “sincera e de dois amigos”. Apesar de alfinetar o chefe
petista, Nilo disse que saiu “um homem muito mais feliz”
após o diálogo. “Tudo o que eu queria dizer eu disse. Sou o mesmo
Marcelo e a partir do dia do anúncio andarei de cabeça erguida”, frisou,
complementando que disputará a reeleição.
Governador deve cravar nome de Leão
O presidente da Assembleia não teceu mais detalhes da
conversa, porém frisou que o governador não apresentou os critérios que
levaram a escolha de uma liderança do PP. “Eu não perguntei e ele também
não me disse. Também não me disse quem será”, disse, sinalizando que o
desfecho está claro, mas que ele não falaria mais sobre o assunto. O
nome do deputado federal João Leão (PP) deve ser anunciado
hoje pelo governador Jaques Wagner, a qualquer momento. Consta que o
indicativo favorável ao progressista teria sido dado há mais de um mês,
contudo a escolha foi afunilada nas duas últimas semanas, quando Leão
que atualmente é presidente estadual do PP, e o deputado federal Mário
Negromonte, vice-presidente nacional da sigla, se encontraram com Wagner
na Governadoria.
Apesar da conjuntura, o chefe do Executivo baiano deixou
claro ontem que o clima com o dirigente da Assembleia é de entendimento.
Embora tenha admitido o diálogo complexo, destacou que ambos chegaram
ao bom termo. “Ele entendeu e não demonstrou nenhuma intenção
contrária”, disse em entrevista à imprensa, em evento na União dos Municípios da Bahia (UPB).
Segundo Wagner, a definição do vice de Rui foi baseada em “critérios
consensuais e objetivos”. Estaria em jogo o tamanho do PP, partido com
grandes prefeituras no estado, sem contar o tempo de televisão para o
horário eleitoral gratuito que seria de 1 minuto e 2 segundos do PP
contra 28 segundos do PDT. “São critérios. Ele ponderou e entendeu”,
disse. Wagner também sinalizou que não acredita numa mudança de
posicionamento político de Nilo.
Conforme enfatizou o governador, o anúncio do vice não será “bombástico”. “Vou convocar os líderes
do partido da base e conversar”, afirmou. Ontem, Wagner já teria se
reunido com alguns deputados da base para falar sobre o assunto.
Lilian Machado/Tribuna da Bahia